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O governo federal anunciou na última segunda-feira, 14, que pretende suspender os concursos públicos para cargos federais em 2016. Desta forma, na previsão dos ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Fazenda, Joaquim Levy, um total de R$ 1,5 bilhão destinado aos concursos será cortado e entrará na conta dos R$ 26 bilhões previstos para ser economizado no orçamento de 2016.
A iniciativa dos ministérios tem preocupado alguns dos concurseiros e donos de cursinho em Sergipe, principalmente aqueles que já acumulam meses de estudos voltados aos concursos federais previstos para 2016. “É uma medida vergonhosa porque acaba sobrando para os trabalhadores. Podendo intensificar os cortes nas verbas dos parlamentares, cargos de comissão, verbas indenizatórias, mas não, sempre pesa para o lado mais fraco”, reclama Almir Cardoso, que vem se preparando para concursos federais.
De acordo com o administrador de um dos cursinhos da capital, desde que o anúncio de corte foi feito pelos ministros, parte dos seus 200 alunos matriculados nas turmas de preparação para o concurso da Previdência Social tem procurado a coordenação para saber se haverá ou não o concurso. “Nós estamos deixando claro para eles que o concurso para o INSS está mantido, mas os previstos para 2016 é que não devem acontecer. Eles ficam preocupados e nós também, pois sabemos que, após a prova do INSS, as turmas para concursos federais devem cair em 50%”, prevê Emanoel Ribeiro, que também calcula uma perda [em dados superficiais] de R$ 300 mil no ano de 2016.
Já na ótica de Aroldo de Oliveira, proprietário de um cursinho em Aracaju, a medida é impactante, mas deve acabar por não se efetivar. “Eu acredito que isso não vai acontecer. O governo encontra-se em estado deficitário com relação a funcionários. Muitos se aposentam, outros se afastam e, no final das contas, uma hora ou outra esses cursos deverão acontecer para substituir esse déficit, senão o prejuízo acaba indo para o próprio governo”, opina o empresário.
No entanto, a recomendação dos ministros e dos donos de cursinhos é unânime no sentido de que os concurseiros não deixem de estudar. Isso porque os cortes afetam apenas os concursos dependentes do orçamento da União, portanto, empresas públicas com orçamento próprio como a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Correios e outras continuarão podendo realizar concursos públicos.
Apesar de não acreditar em ‘crise nos cursinhos’, Aroldo ressalta que os cortes poderiam ser destinados a outros setores públicos, e argumenta que a preparação para concursos é saída que as pessoas encontram para ascender financeiramente. “Eles [governo] poderiam destinar os cortes para outros setores. Com a crise no país, as pessoas vão em busca do emprego e a alternativa é através dos concursos, por isso se sentem lesados com esse tipo de corte”, rechaça.
A decisão do governo federal já ocasionou algumas medidas nos cursinhos de Sergipe. Segundo Emanoel Ribeiro, o cursinho que administra já decidiu que não abrirá turmas para o concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que tinha previsão para 2016. “Só de lembrar que em 2014 tivemos seis turmas para concursos federais, hoje temos uma, e com a decisão, a previsão para o ano que vem é muito menor em termos de alunos”, lamenta.
Por Ícaro Novaes e Cássia Santana, Portal Infonet